As fundações da FC assentam há milhares de anos, em trabalhos maravilhosos da mitologia, como por exemplo, a Epopeia de Gilgamesh e O Livro Egípcio dos Mortos. Não estou a dizer que estes textos antigos sejam interpretados como FC, mas oferecem-nos um ponto de partida para uma forma mais geral de literatura fantástica que aponta a via para a emergência do género, milhares de anos após.
Como bem se recordam, Gilgamesh foi o rei sumério que governou após o dilúvio. Segundo o mito, era 2/3 deus e 1/3 humano, e foi autor de grandes feitos heróicos sobre-humanos, tendo até ultrapassado algumas armadilhas colocadas por eventos fantásticos e divinos. O mito de Gilgamesh relaciona-se com a busca desesperada por algo (a vida eterna) que lhe foi negado em seu nascimento, devido à sua condição de mortal. É esta tentativa de superação que é também fulcral na FC. É aqui importante lembrar, que desde sempre o ser humano teve e desenvolveu a capacidade de comunicar, através de contos alegóricos que foram utilizados como aprendizagem e como base para novas ideias. No entanto, foi só a partir dos dois ou três últimos séculos que os pontos de vista científicos se formaram e impregnaram quer a literatura quer a sociedade. Até aqui, os escritos fantásticos tinham natureza religiosa, e como tal, eram destinados a perpetuar pios mitos como lições e filosofia. Mas que fique claro, é prejudicial para a credibilidade do género classificar retrospectivamente este tipo de material como FC.
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