quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Os Dragões (3)

Classificação de Dragões Segundo o Seu Habitat

Dado que os dragões conseguem voar, propagar-se pela Terra foi tarefa fácil. Sendo assim, é possível encontrar qualquer espécie em qualquer região que goze do habitat adequado. Os dragões europeus por exemplo, já foram avistados em zonas remotas da América do Norte. Muitas vezes encontrar concordância na sistemática draconiana elaborada pelos diferentes dragonologistas é quase tão difícil como encontrar, nos dias de hoje, um dragão.
Por exemplo, o Knucker ( Draco troglodytes) para alguns é um dragão das florestas enquanto para outros é um dragão aquático que vive em buracos do tipo Knucker no Sussex na Inglaterra. O nome deriva do Anglo-Saxónico Nicor que significa monstro aquático. É descrito como tendo asas embora outros autores o refiram como tendo asas apenas vestigiais e aparência serpentina. O famosos Knucker viveu, de acordo com a lenda, em Lyminster,

e gerou grande confusão na população, pois era um grande devorador de gado, veados, crianças perdidas e até de aldeões. Foi assim que a população se reuniu para o matar. Este tipo de dragões matava pelo veneno e por constrição.A Norte de Lyminster pode encontrar-se a toca onde teria vivido o Knucker. A Igreja, dedicada a Santa Maria Madalena e uma pérola românica de 6 sinos, contém a Slayer´s Slab, a tumba do cavaleiro que matou o dragão.


O Knucker está tão enraízado no folclore inglês, que ainda hoje se podem ver referências, por exemplo no rótulo de uma cerveja. (Em Baixo).

O Draco occidentalis magnus, o Dragão Europeu, possuía 4 pernas e asas bem desenvolvidas e coloração verde escura, vermelha, e ocasionalmente dourada. Ao contrário da maioria dos répteis, os dragões passam muito tempo a tomar conta das suas crias após estas terem eclodido dos ovos, desenvolvendo-se uma forte ligação entre a cria e o progenitor. As chamas são produzidas por um veneno inflamável enquanto o produzido pelo Knucker não tem qualidades combustíveis. O veneno do Dragão do Gelo do Ártico, (em cima)Draco Occidentalis maritimus, por outro lado, quando vaporizado no ar frio, demonstra um efeito corrosivo em tudo semelhante a uma queimadura feita pelo gelo. Estes 3 tipos de dragões podem ser todos considerados ocidentais.
Lars Grant-West, um artista gráfico cujos trabalhos versam o fantástico, muito utilizados pelos Wizards of The Coast, criadores de jogos como o Magic The Gathering, é um grande ilustrador de dragões. Em baixo, estão 3 gravuras de Lars. Todos eles se podem considerar dragões ocidentais.

Big Red

Big Green

                                                       Iron Dragon ou dragão ferruginoso.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Os Dragões (2)

O dragão como simbolo demoníaco, identifica-se com a serpente: Orígenes confirma esta identidade a propósito do Salmo 74:14 e 15:
"Tu dividiste o mar pela tua força; esmigalhaste a cabeça dos monstros marinhos sobre as águas.Tu esmagaste as cabeças do leviatã, e o deste por mantimento aos habitantes do deserto."



As cabeças de dragões quebradas e as serpentes destruídas são a vitória de Jesus sobre o mal. Além das imagens bem conhecidas de São Miguel e São Jorge (em baixo), o próprio Cristo é por vezes representado pisando um dragão.
O patriarca Zen Huei-neng também faz dos dragões e das serpentes os símbolos do ódio e do mal. O terrível Fudô (Acala) nipónico a dominar o dragão, vence da mesma forma a ignorância e a obscuridade.
Mas não há só aspectos negativos, nem estes são os mais importantes. O simbolismo do dragão é ambivalente, o que aliás, é expresso pelas imagens do Extremo Oriente dos dois dragões frente a frente, encontrando-se também na arte medieval do hermetismo europeu onde, frente a frente, adquire uma forma análoga à de um caduceu. O Caduceu ou emblema de Hermes (Mercúrio) é um bastão em torno do qual se entrelaçam duas serpentes e cuja parte superior é adornada com asas. Esotericamente está associado ao equilíbrio moral, ao caminho da iniciação e ao caminho de ascenção da energia  Kundalini, o alegado poder espiritual primordial ou energia cósmica, que jás adormecida na base da coluna vertebral e nos orgãos genitais.

Assim visto, o dragão representa a neutralização das tendências adversas, do enxôfre e do mercúrio alquimicos, ao passo que a natureza latente, não desenvolvida é representada  pelo  uruboro, o dragão que morde a sua própria cauda.


Curiosidades

Há poucas diferenças evidentes entre dragões machos e dragões fêmeas, e os seu corportamentos não são diferentes também. Com um pouco de tempo e de paciência é possivel estabelecer uma relação de confiança e até de cooperação. Nas campos e nas fortalezas das grandes batalhas lendárias da literatura do género Fantástico de Espada & Feitiçaria, (O Senhor dos Anéis por exemplo), os dragões são mais frequentemente usados pelas forças do mal.
 
Draconimicon Battle. Ilustração de Vincent S Proce http://www.vincentproce.com/Illustrations/Illustrations.htm

Mas também pela forças do bem. No capítulo Oferta do Destino, da saga "Eragon" de Christopher Paolini, o dragão pode ser tão cooperante com Homem, como um cão. Melhor, é bastante mais inteligente e poderoso.

"De repente, apareceu uma racha na Pedra. E depois outra, e outra. Paralisado, Eragon inclinou-se para a frente, ainda com a faca na mão. No cimo da pedra, onde as rachas se encontravam, uma peça pequena mexia-se como se estivesse a balançar em qualquer coisa. Depois elevou-se e caiu ao chão. Após uma nova série de guinchos, uma pequena cabeça negra espreitou do buraco, seguida dum corpo estranhamente angular. Eragon apertou a faca com mais força e segurou-a com firmeza. Em breve a criatura saiu completamente da pedra. Manteve-se quieta por um momento, e depois deslocou-se para o luar.
Eragon encolheu-se, em choque. Em frente dele, retirando às lambidelas a membrana que o envolvia, estava um dragão." 

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Os Dragões (1)

"Sem dúvida não existe nenhuma outra besta que se compare ao poderoso dragão, em todo o seu esplendor e sua majestade, e poucas tão dignas de diligentes estudos por parte de homens sábios."
                                                                  Gildas Magnus, Ars Draconis, 1465

Sendo contas de outro rosário, aqui o meu dragão europeu (Draco occidentalis magnus) que incansavelmente bate suas asas de GIF animado, incomodou algumas pessoas. Por isso decidi montar um conjunto de mensagens dedicado a este tão assustador como fascinante animal.

O dragão aparece-nos sobretudo como um gardião severo ou como símbolo do mal e das tendências demoníacas. Com efeito, ele é o guardião dos tesouros escondidos,e, como tal, um adversário que deve ser vencido para se lhes ter acesso. No Ocidente, é o guardião do Tosão de Ouro e do Jardim das Hespérides.
O Tosão, Velo ou Velocino, significa uma pele de carneiro com lã. Segundo a mitologia, trata da pele de um carneiro que enquanto vivo transportou pelos ares um menino, Frixo, e uma menina, Hele, do reino dos seus pais, Atama e Nefele, para Cólquida na Ásia.  A menina caiu na zona que separa a Europa da Ásia que se passou a chamar Helesponto, hoje Dardanelos. O menino chegou são e salvo ao reino do rei Etes, na costa oriental do Mar Negro, e por isso ofereceu o animal em sacríficio a Zeus. Este muito satisfeito, prometeu riqueza e prosperidade a quem tivesse em seu poder a pele de carneiro, e o rei que a tinha recebido de presente, guardou-a numa gruta protegida por uma dragão.
Por curiosidade, A Ordem do Tosão de Ouro,  no Alemão Orden vom Goldenen Vlies, é uma ordem de cavalaria fundada em 1429 por Filipe III, Duque da Borgonha para celebrar o seu casamento com a infanta Isabel de Portugal, filha do rei de Portugal D. João I. Depois da morte de Carlos II de Espanha e Guerra da Sucessão Espanhola a ordem dividiu-se em duas até à actualidade: a ordem espanhola e a ordem austríaca, cada uma reclamando a legitimidade histórica. Ambas utilizam a língua francesa. O rei Alberto II da Bélgica é um caso raro de ser cavaleiro de ambas as ordens. No colar da ordem do Tosão de Ouro pode-se ver um carneiro lanífero de ouro. (Na imagem)

Na mitologia grega, o Jardim das Hespérides, situava-se nas margens do rio Oceano, e lá habitavam as Hespérides que eram ninfas do entardecer e filhas de Atlas que guardavam este rico jardim.
Gaia ofereceu a Hera maravilhosas maçãs de ouro como presente de casamento com Zeus e mandou plantá-las no seu jardim. Interesseiras, as ninfas começaram a usar as maçãs de ouro em benefício próprio e Hera teve que arranjar um guardião mais confiável do seus frutos-tesouro. Assim Ladon, um dragão de cem cabeças passou a tomar conta do jardim e das maçãs.

Progenitas de Jeremy Jarvis

Na China, num conto de T' ang, um dragão é o guardião da Pérola.


Roger Dean (em cima) parece ter-se inspirado nesta lenda chinesa na concepção artística do primeiro LP da banda de Rock Sinfónico Asia, uma espécie de sucedâneo dos YES.

 Na mitologia nórdica,  a lenda de Siegfried confirma que o tesouro guardado pelo dragão é a imortalidade.


Curiosidade

Feitiço Para Apanhar Um Dragão

Espalhe um Pouco de pó de Dragão em cima de um espelho. Depois coloque uma safira ou outra jóia preciosa diante do covil do dragão. Quando o dragão aparecer para investigar, puxe do espelho, de forma que o dragão veja o seu próprio reflexo, e grite...bem alto..." Ecce Narcisso Draconnus Attractivae". Este feitiço irá deixar o dragão sob seu poder - mas tenha cuidado quando o efeito passar!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A Terra Oca (3)

O grande mestre de Banda desenhada retro futurista, Edgar Jacobs, na série de aventuras da dupla de heróis Blake&Mortimor, também «se meteu» no interior da Terra Oca, no livro, O Enigma da Atlântida. Deixo aqui algumas imagens desta BD como aperitivo. Curiosamente a aventura inicia-se nos Açores. Um açoriano local aparece neste livro de quadradinhos vestido à campino ribatejano.
                                


                                                                                              
                                                     










 

A Terra Oca E Os Nazis.

O misticismo ocultista foi desde a origem uma influência séria no desenvolvimento da ideologia Nazi.
Em 1945 os aliados aproximavam-se de Berlim que se vergava sob o impacto de milhares de bombardeamentos aéreos. No fundo do seu fortificado bunker, Hitler só perante as evidências e muito a custo, admitiu a derrota. Contudo estava determinado em não sofrer a humilhação de ser capturado pelos russos e ser levado para Moscovo, como um troféu de guerra.
Segundo a especulação da história alternativa, Hitler não se suicidou. Fugiu a partir do Bunker por um túnel para uma pista aérea secreta, e a bordo de um avião, teria viajado para o Pólo Sul. Bem aqui temos que fazer pelo menos 2 reparos nesta teoria da escapadela do Fuhrer. Primeiro, com é que qualquer avião nazi passava sem ser detectado e abatido, uma vez que o espaço aéreo europeu estava totalmente dominado pelos aliados. Segundo, que tipo de avião secreto teriam com uma autonomia de vôo tal, que tornaria possível a ligação de Berlim à Antártica, ou então ter que fazer escalas para abastecimento sem ser detectado. A resposta a esta questão, segundo os crentes, está no desenvolvimento de uma nova tecnologia de transporte aéreo desenvolvido pelos nazis. Nada mais nada menos do que OVNIS.
De acordo com a Hollow Earth Research Society em Ontário, no Canadá, afirmam que os aliados imediatamente no pós-guerra descobriram que, cerca de 2000 cientistas e cerca de um milhão de almas desapareceram da face da Terra, e segundo parece, teriam sido levado para o seu interior por discos voadores pilotados por pilotos da Luftwaffe e por habitantes interiores parecidos com Greys. A história torna-se cada mais complexa á medida que avançamos nela.

Os avanços tecnológicos que teriam permitido aos Nazis construirem UFOs, teriam sido oferecidos por arianos (descendentes da Atlântida?) que vivem no centro da Terra.

Para que fique aqui bem claro, as evidências da Terra oca são próximas de zero.
Entretanto descobriram-se uma misteriosas aberturas na Antárctida.
Não se tem certeza se essas aberturas ou entradas são naturais, ou se foram feitas artificialmente.


Sabemos que existem bases americanas na Antárctida, mas existem muitas lendas e histórias de possíveis bases secretas Nazis (NEU-SCHWABENLAND), onde teriam escondido os famosos Haunebus (discos voadores).
Podemos levantar várias hipóteses, e continuaremos sem uma resposta convincente.


O certo, é que antes de 23 de fevereiro de 2006, as aberturas vistas hoje não existiam, ou poderiam estar cobertas pela neve e gelo. Mas após esta data, é claramente visível e inequívoco, tanto que digitando as coordenadas acima no Google Earth, a imagem do satélite não deixa dúvidas sobre sua existência.

A "estrutura" é mais ou menos em forma triangular, com uma largura de aproximadamente 90 metros e uma altura de 30 metros, e por isso é de tamanho considerável. O chão parece ser composto de gelo e o nível ligeiramente côncavo.
A seguir estão as imagens das coordenadas 66 33' 11.58"S, 99 50' 17.86"E






quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Bom Natal Para Todos


Depois de longos meses inactivo, Delta de Vénus, vai renascer nos próximos tempos.
Aproveito desde já para desejar Boas Festas a todos os que têm procurado, em vão, novas mensagens neste Blog.
A belíssima gravura é de Scott Gustafson e intitula-se The Journey Begins. Com esta imagem também faço votos para que a nossa enferma Civilização Ocidental, se regenere dos esquerdismos e islamismos que a mortificam e ameçam de extinção neste momento histórico. Para que haja um Futuro em "pastos mais verdes".
Para que continuem a nascer crianças com Futuro em Liberdade.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A Terra Oca (1)

Na sequência do posts anteriores, deixo aqui algumas informações sobre a Terra Oca (TO). A TO é uma hipótese que defende que o Planeta Terra é oco ou possui um substancial espaço aberto no seu interior. É um conceito há muito tempo abandonado pela Geologia mas ainda cultivado por alguns ocultistas e místicos. Como iremos ver, foi uma teoria também explorada pelos Nazis.
Existe alguma bibliografia sobre o assunto, onde o podemos aprofundar ludicamente, sem prescindir, contudo, dos aspectos críticos, tendo sempre em linha de conta as teorias geológicas bem estabelecidas e científicamente bem provadas sobre a formação e constituição da Terra, que nos chegam, quer pelas informações directas quer pelas indirectas da actividade geológica do nosso Planeta, onde se incluem, entre outros, os dados provenientes da sismologia e do vulcanismo.
Um desses livros é o de Raymond Bernard, The Hollow Earth (1979) e "Etidorhpa" de John Uri Llyod, que alega ter viajado para a superfície interna do Planeta.
Segundo Raymond Bernard e resumindo, a Terra possui uma crosta com cerca de 800 milhas de espessura, cerca de 1200 km portanto,e duas aberturas. Uma no Pólo Norte e outra no Pólo Sul. No centro da Terra não existe um núcleo pesado, parcialmente fundido (NiFe) onde se origina a nossa magnetosfera, mas sim um Sol com 600 milhas de diametro (960 km).
Em Etidorpha, Lloyd afirma que na sua viagem ao centro da Terra logrou chegar ao centro de gravidade - local onde não existe gravidade. Aquí chegado, Lloyd pôde-se mover pela utilização do poder da mente, o seu coração parou de bater e não precisou de se alimentar. Pelos vistos o senhor morreu, tendo ressucitado para poder partilhar connosco esta sua grande aventura interior. Ele descreveu também uma vegetação gigante (Júlio Verne na Viagem ao Centro da Terra descreveu gigantes cogumelos) que vive debaixo da Terra tendo crescido assim para o gigantismo devido á fraca força gravítica local. Por último, descreve as pessoas que vivem lá em baixo onde não existe noite, pois têm 24 horas de luz do sol interior que se chama Atoma. Confirma a existência de massas montanhosas e de grandes corpos de água como os que existem na superfície da Terra, como mares, lagos e rios...mas com uma vibração e uma energia mais pura e mais alta - a chamada frequência da quarta dimensão. Ora a quarta dimensão (o tempo) também nós por aqui vamos tendo embora cada vez menos. Quanto à frequência ser mais alta e mais pura...isto já me cheira a Mambo Jambo.
Um dos maiores vultos mitificados pelos adeptos da teoria da TO é o almirante americano Richard Byrd.
Rear Admiral Richard Evelyn Byrd, nasceu em Outubro 25 de 1888 e faleceu em Março 11, de 1957. Byrd foi basicamente um explorador que alegou ter sido o primeiro a sobrevoar o Pólo Norte em 1926, o que muitos duvidam, e o Pólo Sul em 1929. Organizou e participou em 4 outras expedições à Antarctida respectivamente em 1933–35, 1939–40, 1946–47 e 1955–56.
A expedição de 1946 está na origem da mitologia em torno do almirante, dos OVNIS e da ideia da TO. De facto, a expedição foi cancelada abruptamente seis meses mais cedo em Fevereiro de 1947. Ainda a bordo do barco de apoio Mount Olympus, Richard Byrd deu uma entrevista a um jornal chileno onde declarou que os EUA deviam estar em alerta máximo e adoptar medidas defensivas para prevenir uma possível invasão do país por aviões (leia-se naves) hostis a partir de ambos os Pólos. O almirante disse ainda:

Gravura: Icerigger de Alan White
  "I do not want to scare anybody but the bitter reality is that in the event of a new war the United States will be attacked by aircraft flying in from over one or both poles." (...) "the most important of the observations and discoveries made was the of the present potential situation as it relates to the security of the United States...I can do no more than warn my countrymen very forcibly that the time has passed when we could take refuge in complete isolation and rest in confidence in the guarantee of security which distance, the oceans and the poles provide and remain in a state of alert and watchfulness".
Estas palavras alimentaram imediatamente os adeptos da teoria da conspiração sobre as actividades Nazis na Antarctida, mas isto fica para os próximos capítulos.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Viagem Ao Centro Da Terra - Part V

Viagem Ao Centro Da Terra - Part IV

Viagem Ao Centro Da Terra - Part III

Viagem Ao Centro Da Terra - Part II

Viagem Ao Centro Da Terra - Part I

Comos vimos em posts anteriores, a Ficção Científica e a Fantasia foram duas musas inspiradoras do Prog Rock dos anos setenta.
A Viagem ao Centro da Terra de Júlio Verne foi brilhantemente adaptado por Rick Wakeman, célebre teclista da Banda YES, numa peça de Rock Sinfónico espectacular para os apreciadores.
Deixo aqui a primeira parte da obra.

O Romance Científico (1)

O romance científico representa o primeiro passo real no caminho da consolidação das ideias centrais e dos temas da FC num manifesto moderno reconhecível. Este conceito só entrou em uso após 30 anos passados sobre o livro de Júlio Verne, Journey to the Center of the Earth (Viagem ao Centro da Terra), e com a publicação de Time Machine (1895) de H.G. Wells.

A Viagem ao Centro da Terra mostra uma precisão de detalhes certamente inspirada nos trabalhos de Poe, embora mostrando uma mais clara compreensão da ciência e do método científico.Verne admirava-o profundamente, de tal maneira que escreveu uma sequela da Narrativa de Arthur Gordon Pym ((1837).

Vulcão islandês por onde o prof. Lidenbrock teria entrado
Na Viagem ao Centro da Terra, Verne descreve a descida, do professor Von Hardwigg (Otto Lidenbrock na versão francesa) e do seu espirituoso sobrinho Harry, de uma cratera de um vulcão Islandês, o vulcão do glaciar Snaefellsjokull (no final saiem pelo Etna), onde vão encontrar no interior da Terra um mundo subterrâneo habitado por monstros pré-históricos. (Gravura da esquerda: The Unholy City de Peter Jones) O autor descreve o cenário com uma lógica criteriosa e sensata, explicando como os dinossauros sobreviveram tanto tempo isolados, mas é a maneira como a personagem de Van Hardwigg, um químico e mineralogista de profissão, descreve a sua descoberta, que é o mais esclarecedor sobre aquilo que são as características de um romance científico. A novela está cheia da especulação científica sobre conceito da Terra Oca da época. No papel principal do romance está um cientista que mostra claramente como usa o método científico na descoberta das origens daquele mundo subterrâneo É, por outro lado, também uma aventura, que foi muito lida e como tal teve um grande impacto que influênciou outros escritores do tempo e mesmo posteriores, como por exemplo, Edwin A. Abbot, Robert Louis Stevenson e sobretudo H.G.Wells.

Se Viagem ao Centro da Terra marca os inícios da FC como um género definitivo, os trabalhos posteriores de Júlio Verne marcam o seu desenvolvimento, como são os casos de From Earth to the Moon (Da Terra à Lua) (1865), Twenty Thousand Leagues under the Sea (20000 Léguas Submarinas) (1870) e The Mysterious Island (A Ilha Misteriosa) (1874).
Júlio Verne brinca com as novas ideias emergentes de um mundo industrial e científico em expansão, desenvolvendo cenários imaginativos que explica como se fossem cenários reais. Foi esta capacidade que o tornou um quase profeta. De facto, as viagens à lua tornaram-se realidade um século depois.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Edgar Allan Poe III

Edgar Allan Poe II


Ainda hoje a obra de E.A. Poe inspira numerosas criações, desde as artes gráficas até à música. Deixo aqui dois exemplos de adaptação completamente diferente do poema the Raven, realizada por dois expoentes do Rock: Lou Reed e Alan Parsons.

As Origens Da Ficção Científica (4): Edgar Allan Poe

Faço aqui uma especial menção a Edgar Allan Poe ((Boston, 19 de janeiro de 1809 – Baltimore, 7 de outubro de 1849), tido por alguns critícos como o autor que inaugurou o género de Ficção Científica. É o caso de Thomas Dish que em The Dreams Our Stuff Is Made Of expõe as razões pelas quais considera Allan Poe o progenitor do género. Para mim, Poe está mais directa e profundamente relacionado com as histórias de Horror, tendo inclusivamente influenciado a posteriori autores como H.P.Lovecraft, Stephen King e Clive Barker. De qualquer maneira, E.A.Poe utilizou personagens e ideias nas suas histórias que mais tarde vieram a estar relacionados    (em cima à esquerda, The Dreaming #56:Poe, por Mike Huddleston)

com a Ficção Científica, como sejam por exemplo, o encontro com raças alienígenas extraterrestres, vôos de balão até à lua...
Para Dish, Edgar Allan Poe é a fonte, pela simples razão de que as pessoas leram o seus livros, ao contrário do que aconteceu com Frankenstein de Mary Shelley.
Poe foi mais aplaudido na Europa do que nos EUA. Baudelaire (seu tradutor para francês) idolatrou-o como o mais perfeito mestre da auto-destruição, e gerações de escritores franceses tiveram-no como exemplo. Entre os seus acólitos germânicos contaram-se, Nietzsche, Rilke, e Kafka. Os europeus continuam a procurar um determinado tipo de literatura devassa americana celebrando-a com atributos de culto. William Burroughs e Bukowski, não têm qualquer tipo de reconhecimento na América, mas inspiram reverência no Continente Europeu.
No caso de Poe, um novato citadino que se transformou num desperado; um gentleman burguês, bem vestido e bem falante que acabou na indigência; tal figura trágica excitou a intelectualidade europeia, como se esta se podesse imaginar a viver do outro lado do Atlântico, experimentando confortavelmente nas poltronas dos clubes literários europeus, os "horrores" da sociedade do Far West. Apesar de ser bastante lido, Poe estavam muito longe de ser mitificado pelos seus compatriotas. T.S. Eliot, certamente alarmado pelos bárbaros estarem à porta, coloca-o da seguinte maneira:

Modern Poes por Scott E. Anderson
" That Poe had a powerful intellect is undeniable: but it seems to me the intellect of a highly gifted young person before puberty. The forms which his lively curiosity takes are those in which a pre-adolescent mentality delights: wonders of nature and of mechanics and of the supernatural, cryptograms and cyphers, puzzles and labyrinths, mechanichal chess players and wild flights of speculation. The variety and ardour of his curiosity delight and dazzle; yet in the end the eccentricity and lack of coherence of his interests tire."

Nesta polémica literária, Eliot ressentido contra Poe, reside o confronto entre a Ficção Científica contra a literatura séria, entre dois géneros de arte; o popular por um lado e... qual é o seu oposto? Impopular? 
Para o que interessa, volvidos um século e meio, considerar elitista a literatura de Eliot ou popular a de Allan Poe não tem o mínimo interesse. O modernismo de Eliot é incontornável, mas também o de Poe.
A diferença entre Eliot e Poe, entre a literatura mainstream e FC, não pode ser detalhada pelos critérios do criticismo convencional. Ninguém pode afirmar que Eliot é formalista e Poe não. Qual poema  mais formalista? O Waste Land de Eliot ou o Raven de Edgar Allan Poe?

"APRIL is the cruellest month, breeding
Lilacs out of the dead land, mixing
Memory and desire, stirring Dull roots with spring rain. Winter kept us warm, covering Earth in forgetful snow, feeding A little life with dried tubers. "
Excerto de Waste Land


"Once upon a midnight dreary, while I pondered weak and weary,

Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,

While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,

As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.

`'Tis some visitor,' I muttered, `tapping at my chamber door -

Only this, and nothing more."


Excerto de The Raven
A diferença essencial não está na estética ou na subtil natureza metafísica dos dois escritores. A grande diferença está nas questões económicas. Edgar A. Poe escrevia para um grande público. Estava virado para o mercado. Foi o primeiro escritor a atingir um mercado de massas. E este foi o seu grande infortúnio, pois naquela época o mercado estava na sua infância (1830,1840). O seu grande sonho era criar uma revista de nível nacional. Falências, problemas financeiros, alcoolismo e depressão estiveram na origem da sua decadência e física e posterior falecimento. A sua mente, como as suas personagens, (escrevia sempre na primeira pessoa) oscilava entre períodos de lucidez e de insanidade. Na altura da sua morte o seu comportamento era já totalmente errático.



quinta-feira, 8 de julho de 2010

Patrick Woodroffe (2)

Patrick Woodroffe por ele próprio:
 Em baixo: Mons Veritatis

"A arte é romance, penso eu. É dar qualquer coisa de misterioso e de maravilhoso às coisas. Dar algo que a realidade não pode oferecer torna a arte mais forte. Eu gosto de andar pela periferia do  Kitsch porque é daí que vem a melhor arte.
Eu vejo-me antes de tudo como um pensador, não necessariamente um artista. Desenhar e pintar é só uma maneira de pensar. É por isso que também escrevo. As duas coisas vão juntas. A maioria das minhas pinturas e desenhos são como histórias. Nenhuma das minhas ilustrações é simplesmente perspectiva sem qualquer espécie de comentário ou conteúdo narrativo. Mas é a ilustração que faz com que a escrita seja mais pessoal. As imagens estão na minha cabeça e simplesmente espero trazê-las para fora e torná-las mais reais."
Em baixo Pastures in the Sky
 

Em cima:Hortus Conclusus

Uma das características mais interessantes da arte de Patrick é a sua riqueza de cor e detalhe. Castanhos esbatidos e dourados combinam com azuis cerúleos, verdes viçosos e vermelhos feéricos de maneira a engrandecer a justaposição de imagens. Figuras, edifícios e as formas naturais da paisagem apresentam-se com grande claridade de tal maneira que é possível distinguir cada folha, cada pena nas asas dos pássaros, cada cabelo no peito de guerreiros musculados.
" É assim que eu vejo a realidade. A excitação de olhar a natureza é porque tudo é tão incrivelmente real e definido. Não interessa o que faças, fotografia ou qualquer outra coisa, nunca podes jamais transmitir essa incrível super-realidade. Mas quanto mais detalhe colocares na tua pintura, mais duradoura se torna a ilusão, mesmo que seja um puro vôo de imaginação".