quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Romance Científico (1)

O romance científico representa o primeiro passo real no caminho da consolidação das ideias centrais e dos temas da FC num manifesto moderno reconhecível. Este conceito só entrou em uso após 30 anos passados sobre o livro de Júlio Verne, Journey to the Center of the Earth (Viagem ao Centro da Terra), e com a publicação de Time Machine (1895) de H.G. Wells.

A Viagem ao Centro da Terra mostra uma precisão de detalhes certamente inspirada nos trabalhos de Poe, embora mostrando uma mais clara compreensão da ciência e do método científico.Verne admirava-o profundamente, de tal maneira que escreveu uma sequela da Narrativa de Arthur Gordon Pym ((1837).

Vulcão islandês por onde o prof. Lidenbrock teria entrado
Na Viagem ao Centro da Terra, Verne descreve a descida, do professor Von Hardwigg (Otto Lidenbrock na versão francesa) e do seu espirituoso sobrinho Harry, de uma cratera de um vulcão Islandês, o vulcão do glaciar Snaefellsjokull (no final saiem pelo Etna), onde vão encontrar no interior da Terra um mundo subterrâneo habitado por monstros pré-históricos. (Gravura da esquerda: The Unholy City de Peter Jones) O autor descreve o cenário com uma lógica criteriosa e sensata, explicando como os dinossauros sobreviveram tanto tempo isolados, mas é a maneira como a personagem de Van Hardwigg, um químico e mineralogista de profissão, descreve a sua descoberta, que é o mais esclarecedor sobre aquilo que são as características de um romance científico. A novela está cheia da especulação científica sobre conceito da Terra Oca da época. No papel principal do romance está um cientista que mostra claramente como usa o método científico na descoberta das origens daquele mundo subterrâneo É, por outro lado, também uma aventura, que foi muito lida e como tal teve um grande impacto que influênciou outros escritores do tempo e mesmo posteriores, como por exemplo, Edwin A. Abbot, Robert Louis Stevenson e sobretudo H.G.Wells.

Se Viagem ao Centro da Terra marca os inícios da FC como um género definitivo, os trabalhos posteriores de Júlio Verne marcam o seu desenvolvimento, como são os casos de From Earth to the Moon (Da Terra à Lua) (1865), Twenty Thousand Leagues under the Sea (20000 Léguas Submarinas) (1870) e The Mysterious Island (A Ilha Misteriosa) (1874).
Júlio Verne brinca com as novas ideias emergentes de um mundo industrial e científico em expansão, desenvolvendo cenários imaginativos que explica como se fossem cenários reais. Foi esta capacidade que o tornou um quase profeta. De facto, as viagens à lua tornaram-se realidade um século depois.

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